Ao evidenciar o impacto de uma doença de alta transmissibilidade em todos os aspectos da vida cotidiana (apesar de não ter sido a primeira experiência humana nesse sentido), a pandemia de covid-19 aumentou a preocupação da população adulta brasileira com os programas de imunização. Agora, o objetivo dos profissionais de saúde é que essa preocupação se estenda às demais doenças – e que ela continue ao longo do tempo.
Isso porque as taxas de imunização começaram a cair por volta de 2015 em crianças (ver gráfico) e também em idosos, o que evidencia a probabilidade alta de que, em adultos, a cobertura vacinal seja ainda menor: “Adulto acha que vacina é coisa de criança. Depois que passa aquele período [cumprimento do calendário vacinal na infância], ele acha que está garantido pelo resto da vida”, explica a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri (Famed/UFCA), Maria Auxiliadora Brito, que também demonstra preocupação com a queda da imunização infantil: “Se a pessoa não toma [vacina] quando criança, provavelmente não vai tomar quando adulta, ficando vulnerável”, conclui.
Tuberculose ainda não acabou, mesmo com vacina disponível há décadas
Sobre doenças imunopreveníveis, por exemplo, a tuberculose ainda preocupa todo o planeta, mesmo já existindo vacina para a sua prevenção desde o início dos anos 1920. Estima-se que, em 2019, cerca de 10 milhões de pessoas no mundo tenham desenvolvido tuberculose e, destas, 1,2 milhão tenham morrido, por complicações da enfermidade. Em 2020, foram 1,5 milhão de vítimas da doença. Só no Brasil, são notificados cerca de 70 mil casos de tuberculose, por ano: “Essa vacina contra a tuberculose não impede a forma pulmonar da doença: ela impede as formas graves, como a meningite tuberculosa”, explica professora Auxiliadora.
O fato de que há muitas vacinas que não chegam a impedir o desenvolvimento da enfermidade para a qual foram respectivamente desenvolvidas acende o alerta para a necessidade de atenção contínua a doenças facilmente transmissíveis, como a poliomielite, o sarampo, a catapora, a caxumba e a rubéola. De acordo com o Ministério da Saúde, “a partir dos 20 anos, é preciso se vacinar, ao menos, contra sarampo, caxumba, rubéola, hepatite B, febre amarela, difteria e tétano: “Por isso, é preciso sensibilizar o adulto para procurar o seu cartão de vacinação e, na sequência, os serviços de saúde necessários”, destaca a docente da UFCA.
Fonte: UFCA