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Janeiro Branco: por que precisamos falar sobre nós mesmos
A Campanha Janeiro Branco pode ser vista como um trem, onde cada vagão simboliza um profissional que mobiliza ações de prevenção e promoção da saúde psíquica das pessoas
date_range29/01/2020 às 11:45

Débora dos Santos Silva é psicóloga do Hapvida/Arquivo pessoal

Por Débora dos Santos Silva
Psicóloga Hapvida

O mês de janeiro pode ser percebido enquanto momento de possibilidade de transformação pessoal, já que tem logo após o mês de dezembro onde, geralmente, são feitos planos e traçados objetivos para serem executados ao longo do ano vindouro.

Pensando nisso, em outubro do ano de 2014, um grupo de profissionais da saúde de Minas Gerais criou a Campanha Janeiro Branco. E, desde então, este mês tem sido palco, em âmbito nacional, para diversas palestras, minicursos, rodas de conversa visando levar à população o entendimento de que a saúde mental é uma condição indispensável para que as demais áreas da vida sejam sentidas em sua plenitude.

Neste sentido, vale salientar que a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), diz que a saúde não significa apenas ausência de doenças, mas, também, um estado de bem-estar físico, mental e social. Porém, é preciso considerar, antes de tudo, que a sensação de bem-estar é originada a partir de como se percebe, a nível cognitivo e afetivo, os estímulos e eventos externos e internos.

Assim, a psicologia tem muito a contribuir para esta campanha, pois é uma ciência e uma prática profissional que assume o compromisso de proteger e possibilitar o pleno desenvolvimento dos seres humanos. Ou seja, muito além de identificar psicopatologias, deficiências e dificuldades dos indivíduos, visa demonstrar que mesmo podendo haver pontos fracos que possam predispor a certos desvios comportamentais, existem forças na personalidade que podem favorecer a resolução de conflitos, a sensação de autoeficácia e, em suma, o tornar-se pessoa.

Porquanto, é sabido que a condição para a humanização não é apenas vir ao mundo e possuir uma certidão de nascimento, é necessário, sobretudo, que o contato com outros seres humanos aconteça e possa ser estabelecido de forma que a criança consiga se sentir segura, mantendo sua espontaneidade e criatividade e ao mesmo tempo sendo educada para assimilar os bens culturais e intelectuais conquistados ao longo do processo civilizatório e assumir seu espaço de deveres e direitos na sociedade.

Enfim, a Campanha Janeiro Branco pode ser vista como um trem, onde cada vagão simboliza um profissional que mobiliza ações de prevenção e promoção da saúde psíquica das pessoas. No entanto, o tema saúde mental não perpassa somente as pessoas que trabalham com tal demanda ou que buscam o auxílio de um profissional de saúde. Somos todos humanos, e precisamos entender que o desenvolvimento científico, tecnológico e na área da inteligência artificial nunca poderá substituir as relações interpessoais sob pena de colocar em risco a nossa própria condição de seres humanos.



Sobre
João Boaventura Neto foi, sem dúvida, uma figura marcante na comunicação cearense. Sua dedicação ao jornalismo e seu compromisso com a verdade deixaram um legado que inspira profissionais e leitores. O trabalho realizado no Blog do Boa é prova de sua paixão e seriedade com a informação, sempre priorizando a qualidade e a ética. Sua ausência será profundamente sentida, mas sua memória permanecerá viva através do impacto que causou em tantas pessoas. Que ele descanse em paz, e que sua obra continue a ser lembrada com carinho e admiração.