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Centro Cultural do Cariri realiza Festival Unaé em outubro com Luedji Luna, Liniker e Don L na programação
O "Festival Unaé - Sonhar o Cariri" é um momento para celebrar o território caririense e suas múltiplas linguagens, dialogando com diferentes artistas brasileiros
date_range09/10/2023 às 09:00

Foto: Divulgação

Liniker, Luedji Luna, Don L, Dextape, Zabumbeiros Cariris e Kaê Guajajara são alguns nomes confirmados para este encontro que busca sonhar um território ancestral no sul do Ceará: o Cariri. O “Festival Unaé – Sonhar o Cariri” é um momento para celebrar este espaço e suas múltiplas linguagens em diálogo com diferentes artistas brasileiros, entre os dias 26 e 29 de outubro, no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, equipamento gerido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte. Toda a programação é gratuita.

Em consonância com a política cultural do Governo do Estado do Ceará, o festival abraça as mais diversas facetas deste Cariri, que é ao mesmo tempo encantado e urbano, com uma potência cultural que passeia do cordel à dança e à performance, do repente ao slam, da zabumba à batida eletrônica e aos vídeo mappings. Um Cariri aberto a quem quiser chegar.

Na língua originária do povo Kariri, Unaé significa sonhar. "É poder deixar a imaginação te levar para uma outra dimensão. E nessa medida, a gente acredita que o Centro Cultural é um instrumento para você poder fazer isto: para alargar as fronteiras que você naturalmente encontra como limite do fazer, do criar, do conviver", afirma a diretora do Centro Cultural do Cariri, Rosely Nakagawa.

O Festival

O festival é um convite para sonhar o Cariri em diálogo com outras expressões do Nordeste e do Brasil. "Esta programação pretende difundir a diversidade do nosso território e promover esse encontro geracional, ancestral, tradicional e contemporâneo", diz Américo Córdula, diretor geral do Festival Unaé.

Integrando a programação, a compositora paraibana Cátia de França traz o seu coco de roda mesclado ao rock psicodélico ao festival neste ano em que comemora 50 anos de carreira. A exposição "HãHãw: Arte indígena antirracista" ressoa as vozes de 21 artistas indígenas de diferentes etnias e contextos do Brasil, entre elas as caririenses Barbara Matias Kariri e Vivi Kariri.

Don L e Dextape levam, juntos, o rap ao palco. É uma das várias apresentações que permeiam o universo das oralidades presente no festival, que conta ainda com a Batalha do Cristo, Slam das Minas Kariri e Nego Gallo. As atividades seguem também com nomes já conhecidos da cena local, como João do Crato, Abidoral Jamacaru e Pachelly Jamacaru. Além disso, ainda conta com o espetáculo Poeira do Grupo Ninho de Teatro.

Terra ancestral

O Festival Unaé é um momento para celebrar e fruir toda a efervescência cultural de uma terra ancestral, que respira história, tradição e contemporaneidade no sul do Ceará. Com 29 municípios, localizado a 400 quilômetros da capital Fortaleza, a região do Cariri é uma terra fértil que reinventa a vida com narrativas populares que atravessam a memória, a fé, a cultura e a ciência.

O lugar, que atrai milhares de romeiros todos os anos para o Horto do Padre Cícero, é palco de um intenso e diverso caldeirão cultural. O Cariri também guarda a história do mundo nos fósseis e rochas de uma época em que aquele sertão já foi mar.

Na região, mestres de cultura e artistas da música, da literatura de cordel, da oralidade, da dança, do grafite, do teatro, do slam e de tantas outras linguagens constroem diariamente a identidade de um povo que olha para o passado enquanto sonha com o futuro. "Nós temos uma diversidade de gênero e de linguagens muito grande, que ainda não é percebida", pontua Américo.

Toda essa efervescência cultural, ganhou um novo espaço em 2022 para a fruição artística: o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, um dos maiores centros culturais localizados fora de capitais do Brasil.

Centro Cultural do Cariri

Com uma infraestrutura de mais de 50 mil m², o Centro Cultural do Cariri funciona em um imponente edifício em formato de H, projetado por arquitetos alemães. Uma edificação grandiosa, tanto pela pomposa estrutura branca quanto pelo parque que a ladeia, na entrada da cidade do Crato, um município com 131 mil habitantes. "Este lugar estava sendo esperado pela população desde há muito tempo, era um desejo antigo. Essa cultura pulsante do Cariri merecia um lugar como este", destaca a diretora do equipamento, Rosely Nakagawa.

De palcos, residências artísticas, quadras e pista de skate a um amplo bosque verde, é um espaço rico para promover lazer, cultura e ciência, em contato constante com a natureza que o rodeia na Chapada do Araripe, que tem o primeiro parque geológico das Américas reconhecido pela Unesco. Toda a estrutura do equipamento vem sendo inaugurada gradualmente, desde abril de 2022, e o festival Unaé representa um novo momento com mais espaços em funcionamento, como as três galerias de arte. Um teatro com 600 lugares e um planetário ainda serão abertos pelo equipamento.

As simbologias da sede do Centro Cultural do Cariri se transmutam ao longo do tempo. Nos anos 1940, o lugar abrigou o Seminário da Sagrada Família, para onde iam dezenas de jovens do campo em busca de estudos ou aptidões de trabalho na marcenaria e na padaria. Anos depois, tornou-se sede do Hospital Manuel de Abreu, para onde parte da cidade buscava tratamentos de saúde.

Agora, volta ao imaginário popular como centro cultural, fomentando a arte brasileira e rompendo com os estigmas do regionalismo. O próprio centro é um sonho, que une o poder cultural do imaginário aos desdobramentos sociais e econômicos almejados pelos artistas.

"A gente quer que esse sonho contemple principalmente o pleno exercício de uma cidadania cultural, expressa na possibilidade da sociedade não só fruir a cultura, mas, principalmente, poder produzir e ter direito e acesso às expressões", explica Américo. "Unaé, sonhar na língua Kariri, é um convite para sonhar o cariri cultural que ficará presente no DNA do centro cultural", finaliza.

Serviço

Festival Unaé – Sonhar o Cariri

Entrada Gratuita

Data: 26 a 29 de Outubro

Local: Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo. Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1, Gizélia Pinheiro (Batateiras), Crato, Ceará



Sobre
João Boaventura Neto, um jornalista que deixa um importante legado para a comunicação cearense. Passando por diversos veículos de comunicação da região, o Boaventura sempre responsável e atento às informações, tinha consciência do amor pelo jornalismo e a produção no Blog do Boa. Será eterno em nossos corações. Saudades!