No início de fevereiro, Maria Antônia, uma tenente-coronel aposentada da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), esteve na capital da República para retificar os dados em seus documentos militares. Maria é a primeira coronel transexual da corporação e a única do País a chegar a tal patente. "Ser transexual não é uma escolha, é uma realidade, ninguém quer escolher ser alvo de discriminação", disse à coluna Na Mira, do portal Metrópoles.
A tenente-coronel está na reserva remunerada desde fevereiro de 2006. A oficial tem 60 anos de idade e mora em um sítio no interior do Rio Grande do Sul. Maria Antônia passou por uma intensa transformação e uma série de intervenções cirúrgicas nos últimos quatro anos, logo após deixar a Polícia Militar.
"Imagine que, há 30 anos, o máximo que a sociedade ouvia era sobre a existência da Roberta Close. Não havia informação sobre o assunto. No meu caso, ocorreu um processo que foi se solidificando, se reconhecendo e se identificando. Cada pessoa tem o seu tempo", argumenta.
Transição segura
Maria Antônia contou também sobre seu processo chamado de transição segura, logo após fechar seu tempo de serviço na PMDF. "Fiz o melhor que eu pude, da melhor forma possível. Todos os papéis que a vida impôs eu segui. Quando tudo terminou e fui para a reserva, sobrou um tempo para mim", relatou.
Em relação aos filhos, uma das primeiras ações da oficial foi conversar, separadamente com os dois: uma mulher de 27 anos e um homem de 29.
"Eu sempre criei os meus filhos para transmitir conhecimento puro, sem preconceitos, sem vertente ideológica. São alegres, livres, felizes e sem preconceito algum. Quando conversei com eles até me emocionei. As únicas perguntas que fizeram era se eu tinha certeza e se eu estava feliz."
Fonte: O Povo